É mais fácil punir que ensinar. Não que seja o melhor no longo prazo, mas certamente é mais fácil.
A mãe ou pai que prefere bater no filho ao invés de sentar e conversar. O colega que prefere pegar o serviço e fazer ao invés de ensinar como fazer. O professor que prefere bombar um aluno a sentar com ele e se dedicar a ensinar.
E, é dos professores e acadêmicos, que chega esta notícia. Bibliotecária americana bane Wikipédia da vida escolar.
Uma bibliotecária de uma escola no estado de Nova Jersey, nos Estados Unidos, bloqueou o acesso dos alunos de primeiro grau aos servidores da Wikipédia a partir dos computadores da biblioteca. Linda O’Connor, da Great Meadows (N.J.) Middle School, que há anos se opõe à enciclopédia online, decidiu tomar a dianteira e, além de banir o acesso dos usuários ao endereço, também distribuiu cartazes sobre os computadores com os dizeres “Just Say ‘No’ to Wikipedia” (”Apenas Diga ‘Não’ à Wikipédia”), lema semelhante ao da popular campanha antidrogas criada por Nancy Reagan que dizia “Just Say ‘No’ to Drugs”.
A razão, compreensível e justificável: muitos alunos usam a enciclopédia virtual como fonte única de trabalhos. Também sofro com isso (para quem não sabe/lembra, sou professor). Mas não é apenas a Wikipedia. Muitos alunos apenas copiam e colam trabalhos prontos da net. Felizmente (para mim, e até para eles) eu conheço “um pouco” de tecnologia e sei identificar um trabalho copiado. É zero sem pensar. E eles sabem… os que arriscam, raras vezes se dão bem.
Mas, pq me dou esse trabalho (de pesquisar as fontes dos trabalhos de meus alunos)? Porque quero que aprendam a fazer, não quero joga-los na fogueira e dizer “se vira”. A vida se encarregará dessa parte. Enquanto estão comigo, quero apenas que aprendam.
Nesse ponto, vejo valor na Wikipedia como ferramenta de inicio de uma pesquisa, de sondagem de um tema. Eu mesmo faço isso, sem crise de consciência. Mas, quando a coisa é séria, procuro fontes mais confiáveis.
E sobre confiabilidade, vai outro cutucão: quem disse que “outras fontes” tem informações “imparciais”? Sinceramente, penso que imparcialidade é apenas uma utopia humana.
Texto original em Na Toca da Cobra do dia 28-Nov-2007