O Professor, a Cantora e o Guarda-roupa

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Sobre a cantora dando aulas de empreendedorismo na faculdade

Professora Sexy | O Primórdio

Não sou fã da música, nem da personagem, mas certamente ela tem boas e interessantes histórias para contar. Uma das coisas que mais gostava era de ter empreendedores na sala de aula partilhando suas histórias. Era inspirador, desafiador.
Gostava ainda mais quando eles diziam coisas que iam contra o que ensinávamos (mesmo quando ensinamos o que há de mais moderno). Havia, confesso, certo “prazer mórbido” quando alunos vinham, após a palestra, me questionar sobre isso: “Mas fulano deu certo e não fez um plano de negócios!”, “Aquela empreendedora não lançou nada de novo e mesmo assim deu certo”, ou a clássica “Bill Gates nunca terminou a faculdade”.

Tudo verdade! E ponto. Não vou justificar o sucesso fora dos padrões acadêmicos. É verdade e ponto! É daí? Perguntava eu depois. E os alunos olhavam com aquele misto de “como assim ‘e daí’?” com uma pitada de “lá vem” (conhece? rs)

A questão é que assim como um plano de negócios não garante sucesso, não ter um plano não significa fracasso imediato. Aliás, mais de 90% dos empreendedores não seguem os planos que eles mesmos traçaram. E, quer saber, nada de mal nisso! Mas e aí? Aí que o grande valor do plano não está… no plano! Mas na pesquisa, no conhecimento que se adquire enquanto elabora o plano. Tem a ver com preparo, muito mais do que com plano. E é esse o ponto do ensino de empreendedorismo (aliás, sempre questiono essa possibilidade, mas isso é pra outro post se quiserem): não é sobre ensinar uma técnica ou como fazer um mano, mas é sobre instigar a busca, a pesquisa, a tentativa, o aprendizado on the fly.

Tá, mas e a cantora? Eu certamente iria à sua aula. Certamente daria boas risadas. Emocionaria. Seria inspirado. Teria alguns insights. Talvez ela possa ensinar algo sobre pesquisa de mercado, prototipagem, dossiê de inovação, análise de cenários, quem sabe.

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Mas, faça a conta: acha mesmo que alguém que faz 90 milhões num ano, com a agenda cheia que ela tem, iria mesmo lecionar numa faculdade “a sério” por 40 ou 50 reais a hora? Ou talvez isso faça parte da mesma estratégia (muito bem elaborada) de criar awareness ao redor de seu nome (Head de inovação na Ambev? Diretora na Nubank? Professora na Estácio? Top no Spotify?). Eu vejo um padrão claro aqui que me remete diretamente ao negócio (real) dela: popularizar o nome através de discussões e polêmicas. Tal qual Madonna fez nos anos 80/90. É original? Não. Mas é inteligente. E a brasileira está certamente levando essa estratégia a níveis diferentes. Até quando? Não sei. Não importa. Importa que o objetivo é alcançado. Para ela e para as empresas com as quais associa sua marca é inteligente e lucrativo. Ela vende o show. E cada vez que seu nome está no jornal e as pessoas discutem sobre ela, a marca fica mais valiosa. Funciona? Óbvio! Dá pra ensinar? Claro! Dá pra replicar? Duvido.

Mas quem sou eu pra achar algo…

E você, que acha?
#empreendedorismo

Vampiros e Padrões

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Nesta semana, pedi feedback sobre o The Business Idea Canvas – BIC para alguns dos maiores expoentes do campo em análise de modelos de negócios. Foi uma honra sem tamanho receber retorno de nomes como Alexander Osterwalder, Yves Pigneur, Yongho Brad Cho, Nei Grando, Steven Fisher, Patrick Van der Pijl, entre outros.

Os pontos altos, ressaltados por muitos deles, foram: o bloco dos Vampiros 🧛🏻‍♂️ e o dos Padrões 🅿️.

A grande novidade, sob o ponto de vista dos Vampiros, é olhar enxergar outros stakeholders e suas relações com o problema – algo que as principais ferramentas não contemplam de maneira tão clara. Nesse sentido, inclusive, o bloco Quem Mais, logo acima, complementa essa perspectiva.

A ideia desse bloco é que, quando um problema é encontrado – e, eventualmente, uma solução é proposta – há quem se beneficie e, muitas vezes, quem se prejudique. Em outras palavras, há vampiros que vivem às custas da existência do problema e lutarão de alguma forma para manter o status quo. Ter isso claro pode ser de grande valor quando da proposição de uma solução. É possível, por exemplo, trazer os “vampiros” para junto da solução, diminuindo a resistência. Também é possível trabalhar para eliminar a força da resistência. Ou, em outros casos, até mesmo partir para o confronto direto. Mas, o que aprendi após alguns anos de implementação de sistemas de informação e de processos de negócios, é que ignorar os vampiros de um processo, aqueles que são negativamente afetados pela solução, pode ser fatal para a implementação de um novo projeto – ou de um novo negócio. Já vi de tudo: sonegação de informações, informações falsas, derrubada de líder de projetos… sabotagem pura! Cuidado com os vampiros!

Já o segundo bloco que foi bem comentado, é dos Padrões (Patterns). Esse aspecto é interessante: boa parte das ferramentas fala disso, propõe padrões, mas… Não incorpora isso de maneira objetiva na ferramenta.

Padrões são importantes para facilitar a compreensão da proposta de solução com base em alguma analogia ou metáfora de negócios conhecido. Principalmente quando essa solução se baseia em inovação de modelos de negócios.

Uma referência muito interessante sobre padrões é um artigo do Buzzfeed da Michelle Rial chamado Is your startup idea already taken?

Fiquei muito feliz com os feedbacks e, principalmente, acabei pegando novos insights para novas versões e, quem sabe, novas ferramentas.

Obrigado a todos pelo apoio!